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Poema Para Quem Sente

  • Foto do escritor: Estela Turozi.
    Estela Turozi.
  • 21 de jun. de 2021
  • 2 min de leitura

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Não quero falar com gente bruta,

cascuda,

que nem o sangue derramado, escancarado faz condoer,

Gente que ignora o óbvio e por amargura vive a fazer doer,


Quero falar com gente sensível,

Pessoa à flor da pele,

Gente que esmorece,

Que chega aos prantos,

Que entristece,

Que sente fundo,

Que se inunda,

Que escuta,

E se aprofunda,


Gente que quando vê a dor alheia sente como se partisse ao meio,

Que não consegue engolir,

Que tem o nó no estômago,

Gente que se comove,

Que quando se depara com a injustiça não dorme,

Gente que sente junto,

Que diante da violência perde o prumo,


Essa gente sensível nasceu num mundo doente,

Onde sensibilidade é sinal de fraqueza,

Essa gente foi perdendo toda sua leveza,

Muitas vezes até a pureza,


Deslocados, Perdidos, Andando em círculos,

Pessoas que por tanto amar ficaram sem oração,

Que esqueceram seu coração,

Que de tanto apanhar perderam o brilho no olhar,

Incrustados,

Feito bicho na toca,

Ator na coxia,

Fora dos palcos da vida.


Pessoa que percebeu que estar no mundo é sinal de problema,

Que por vezes sentiu vontade de se retirar,


Quero falar com quem sente empatia,

Que sabe que na dor alheia não há alegria,

Que conhece o senso de coletividade,

Que não tem medo da fragilidade,


Você chegou aqui agora e não foi à toa,

O mundo precisa de mais coisas boas,

Compaixão, Piedade,

Ternura, Humanidade,


Se eu pudesse fazer um pedido

Que não seja mais esquecido,

Por favor não continue escondido,

Sensibilidade é para somar,

Esse mundo não tolera mais ódio,

Ele precisa urgentemente respirar,


E só quem tem pulmões preparados,

Quem sabe mergulhar em águas profundas,

Quem não tem medo da chuva,

Pode transmutar essa luta.


Encarnados de sentidos,

Esses dons foram escolhidos,

Para que o óbvio possa ser percebido,

Somos um todo em partes,

Somos parte do mesmo,


Você que sente e pressente,

Saia da toca e se apresente,

Prazer, eu vim aqui para sensibilizar!


Você que sabe mergulhar,

Mergulhe sempre que precisar,

Mas não se esqueça de voltar,

Para exercer o seu papel de ensinar,

Praticar,

Se doar,

Acolher,

Amparar,

Até que o mundo possa de novo acreditar,

Que todo o entorno tem jeito,

Que é possível ter vida e respeito,

Que no fundo no fundo o brutalhão tem mesmo um medo enorme de amar.


É de gente sensível que o mundo precisa,

E mesmo que seja preciso baliza,

Continue conquistando o intangível,

Sensibilidade é questão de ética,

Nenhum caminho é perdido,

Se faz sentir faz sentido!


Estela Turozi.

Psicanalista

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