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A PRIMEIRA VEZ QUE FALEI EM PÚBLICO

  • Foto do escritor: Estela Turozi.
    Estela Turozi.
  • 25 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura

Quando eu tinha uns 9 ou 10 anos lembro-me de uma coisa que me incomodava profundamente: a quantidade de pessoas que dava enorme importância à aparência física.

Sabe aqueles comentários? Essa é magricela, aquela nariguda, aquele ta gordo demais, o outro muito branco, aquele sardento. Olha esse cabelo? Você já viu o pé dele? É muito grande, muito pequeno…

Blábláblá parece que a sua aparência é mais importante do que o que você pensa, acredita, faz ou é.

Inclusive daí vem os APELIDOS. Sempre rotulando alguém pelo físico.

Aliás se comenta mais sobre a APARÊNCIA do que sobre o CARÁTER.

Nunca vi os adultos questionando comportamentos desrespeitosos, invasivos, mas falando do corpo do OUTRO, ahhh isso o tempo todo.

Eu pensava: você já reparou que existe bastante pobreza no mundo? Sabia que tem criança que não tem o que comer ou onde morar?

Sabia que tem gente má? É sério que quando você olha para mim a única coisa que você pensa é que eu to magra demais? Menina demais? Baixa demais?

Mas é claro que eu não falava sobre isso. Além de ter entendido que eu como criança não poderia desagradar nenhum adulto eu também tinha a certeza que não teria espaço para me manifestar.

Eu ficava mesmo bem quieta.

E então, nesta mesma época iniciava-se a oportunidade de fazer apresentações em sala de aula.

Falar na frente de todo mundo? Ai que medo, que vergonha, e se eu errar? E se der branco? Todos me olhando. O que vão falar de mim?

..Claro, existiam todos esses medos, mas como todo desafio eu me preparava, ensaiava.

E no momento de falar aos colegas eu me lembro das mãos tremulas, o coração acelerado, a respiração ofegante. Porém lembro também de sentir algo único: a sensação de que alí eu era OUVIDA.

Alí eu tinha a oportunidade de expor meus pensamentos , falar sobre coisas que impactavam os outros. Propor reflexões, esclarecimentos, novas ideias.

Era um momento de luz. E mesmo tremendo de medo eu ficava feliz.

Naquele momento eu poderia ter qualquer corpo, porque o que mais importava era o ASSUNTO e não minha aparência.

Parece que assim eu posso falar das coisas que me importam, que me incomodam.

Parece que assim a vida faz mais sentido e há mais chance de mudar o mundo.

Então eu fui praticando…e cada vez eu pensava: eu ainda serei boa em falar em público. Eu amava a feira de ciências!!

Na universidade eu pedia para fazer todas as apresentações. Afinal eu sabia que estava me desenvolvendo. Eu prestava atenção nos professores. Em como um explicava melhor, mais fácil. Tornava o assunto gostoso e interessante.

Eu participei de monitorias, palestras, e apresentei tanto que no terceiro ano da faculdade eu falava com muita facilidade.

Logo depois de formada eu comecei a dar aulas e me desenvolvi ainda mais. Hoje eu confesso que adoro uma plateia cheia. E sabe porque? Pelo mesmo sentimento de quando eu era uma menina magricela de 10 anos.

Não quero rótulos, não quero análises superficiais, não quero comparações.

Eu quero saber o que pulsa em você. Aquilo que faz você vibrar, aquilo que te incomoda e as ideias que você tem para fazer este mundo melhor.

Não me rotulem porque agora eu faço discurso sobre isto! (Rs)

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