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Ser "Vítima" Não é Fraqueza. É o SEU Ato de Poder Inconsciente.

  • Foto do escritor: Estela Turozi.
    Estela Turozi.
  • 17 de nov.
  • 3 min de leitura
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Se você já se viu repetindo padrões de sofrimento, atraindo sempre os mesmos problemas, ou percebe que, no fundo, a culpa se tornou sua companheira inseparável, este texto é para você.


Na sociedade, a figura da vítima é associada à fragilidade e à inocência.


Na psicanálise, olhamos para a vítima com outra lente: a lente do inconsciente. Descobrimos que o lugar de "vítima" não é apenas um lugar de dor, mas um lugar com ganhos ocultos e uma forma poderosa — ainda que destrutiva — de exercer o controle.


O Conforto Perigoso da Culpa


Muitos clientes chegam à análise presos na Culpa. Eles culpam o chefe, o parceiro, o passado, os pais.

A culpa é fácil de sentir, pois ela pressupõe a existência de um algo ou alguém a ser punido. Mas enquanto você está focado em culpar, você está paralisado.


A análise te convida a dar o salto da Culpa para a Autorresponsabilidade.


  • A Culpa diz: "Aconteceu comigo. Não tenho o que fazer."


  • A Autorresponsabilidade diz: "Aconteceu. Qual é a minha parte nesse sistema? O que eu faço com isso agora?"


Assumir a autorresponsabilidade é assustador, pois exige a renúncia do maior poder da vítima: o de não precisar fazer nada.


Ganhos Secundários: O Salário Inconsciente do Sofrimento


A psicanálise chama de Ganhos Secundários o benefício inconsciente que um sintoma, ou neste caso, o lugar de vítima, oferece. São recompensas emocionais que a mente busca para se proteger da angústia.


Quais são os ganhos de ser uma vítima eterna?


  1. Proteção contra o Fracasso: Se você é a vítima da situação, não precisa arriscar e, portanto, não precisa fracassar. A doença ou o infortúnio justificam a inação.


  2. O Direito de Ser Salvo (e Amado): A fragilidade atrai o cuidado e a atenção. Se você está sempre sofrendo, garante que as pessoas não te abandonem ou que atendam às suas necessidades sem que você precise pedir. É um poderoso, mas exaustivo, pedido de amor não verbalizado.


  3. Projeção da Sombra: É muito mais confortável usar o mecanismo de defesa da Projeção, atribuindo toda a maldade, a raiva ou a incompetência para o mundo externo, em vez de reconhecer as próprias falhas e desejos ambivalentes.


A Regressão ao Desamparo Infantil


Manter-se na posição de vítima é, muitas vezes, um mecanismo de defesa de Regressão. É o retorno inconsciente a um estado mais infantil de dependência e desamparo.


Quando a vida adulta exige escolhas, esforço e enfrentamento da realidade (o que dói), o Ego regride para aquele lugar onde o desamparo era a regra e, em troca, havia a garantia de ser cuidado pelos pais (ou, agora, pelo parceiro, amigos, ou terapeuta).


A Força da Descoberta


O psicanalista Jacques Lacan observou:

"O desejo do homem é o desejo do Outro."

Muitas vezes, a nossa "vítima" está desejando o olhar, a salvação ou a atenção que o Outro nos daria. Mas a verdadeira força está em descobrir e bancar o próprio desejo.


E nesse processo, quando a segurança e o afeto são internalizados, a necessidade de regressão se dissolve:

"Regredimos até termos a certeza de que seremos amados. Quando nos descobrimos amados não precisamos mais regredir e a força para avançar inunda nossas vidas."— Estela Turozi, Psicanalista

Sua jornada analítica é um convite para abrir mão desse poder regressivo. É um convite para trocar o "conforto" da dependência pela força de se bancar como um sujeito adulto, imperfeito, responsável pelas próprias escolhas e pelo próprio destino.


O sofrimento só será transformador quando você deixar de usá-lo como um escudo e começar a usá-lo como material bruto para construir a sua liberdade.

 
 
 

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